RAZÃO DE SER
Através do trabalho direto e de proximidade que a Ser+ e o GAT desenvolvem com pessoas que vivem com VIH, é possível ter uma perceção clara da evolução que se tem feito sentir na qualidade e esperança média de vida destas pessoas. No entanto, a mesma evolução não é tão visível ao nível das perceções sociais, que continuam pautadas pelo estigma e discriminação. Prova disso é o número crescente de queixas que rebemos e acompanhamos no Centro Anti-Discriminação e as atitudes e pré-conceitos avaliados nas formações que desenvolvemos na comunidade.
Apesar desta perceção empírica, se pretendemos modificar esta realidade é essencial documentá-la melhor e produzir evidência científica sobre a mesma: Qual a real extensão do estigma e discriminação face ao VIH, em Portugal? Quais os fatores que os condicionam? Quem está mais suscetível? Quais as principais consequências? Qual o impacto ao nível da saúde individual, da saúde pública e do controlo da infeção? Qual a realidade específica em grupos/populações chave, como as próprias pessoas que vivem com a infeção, ou os profissionais de saúde que as acompanham?
A necessidade de dar resposta a esta e outras questões fez com que, em 2013, o Centro Anti-Discriminação tenha iniciado uma nova vertente de atuação, centrada na produção de conhecimento: a área de investigação.
ESTUDOS DESENVOLVIDOS
Acesso à Saúde por Imigrantes com infeção VIH, em Portugal
O crescimento da população imigrante ao longo dos últimos anos em Portugal, e em particular o aumento de novos diagnósticos de VIH neste grupo, torna pertinente o conhecimento do seu acesso e recurso aos cuidados de saúde no nosso país.
Enquadrado neste âmbito, realizou-se o presente estudo, que teve como objetivos:
- a identificação dos obstáculos que os imigrantes enfrentam no acesso e utilização dos serviços de saúde em Portugal;
- a identificação dos fatores facilitadores de acesso e utilização dos serviços de saúde, nomeadamente por parte dos imigrantes com VIH
- perceber se os fatores determinantes são idênticos nos diferentes níveis de acesso à saúde (primeiro acesso, recurso aos serviços de saúde e retenção nos cuidados ao nível da infeção VIH).
Os resultados alcançados permitiram, para além da identificação dos aspetos particulares no acesso e retenção nos cuidados de saúde dos imigrantes, a elaboração de conjunto de recomendações concretas a diferentes instituições: governo e administração central, serviços de saúde e organizações comunitárias.
Aceda ao estudo “Acesso à Saúde por Imigrantes com infeção VIH, em Portugal” aqui.
Stigma Index Portugal
Em 2013 o Centro Anti-Discriminação associou-se a uma iniciativa internacional, dando início ao seu primeiro estudo de investigação, a aplicação em Portugal do Índice do Estigma das Pessoas que Vivem com VIH (Stigma Index). Este é um projeto de âmbito nacional, desenvolvido e implementado por e para pessoas que vivem com a infeção, cujo objetivo é sistematizar informações sobre estigma, discriminação e direitos destas pessoas, o grau e as formas que assumem em Portugal, permitindo comparar a realidade nacional com a de outros países. Pretende ainda contribuir para a missão das organizações não governamentais, podendo ser utilizado como instrumento de advocacia e ativismo pelos direitos das pessoas que vivem com VIH.
De modo a avaliar as mudanças ocorridas nestes últimos anos, o CAD replicou o Stigma Index em 2020/2021, com financiamento da Direção-Geral de Saúde e parceria da Escola Nacional de Saúde Pública (Universidade Nova de Lisboa).
Relatórios finais:
Stigma Index 2013, na versão em português aqui e na versão em inglês aqui
Stigma Index 2021/2022, na versão em português aqui e na versão em inglês aqui
Respect Portugal
Em Março 2015, a Global Network of PLWHA (GNP+) convidou a SER+ e o GAT a participarem no Work Package 7 (WP7) – Stigma and legal barriers to the provision and uptake of HIV testing services do projeto europeu OptTEST (Optimising testing and linkage to care for HIV across Europe). Deste convite nasce o projeto Respect – Portugal, uma adaptação do projeto com o mesmo nome desenvolvido na Ucrânia entre 2014 e 2016, com o objetivo de identificar, avaliar e diminuir os obstáculos no acesso ao teste e seguimento nos Cuidados de Saúde primários procurando, essencialmente, obter uma visão específica e mais aprofundada do estigma e discriminação associada ao VIH, neste contexto, e contribuir para a sua redução. Caracteriza-se como um projeto piloto de investigação/ação, centrando-se em 3 ACES (Agrupamentos de Centros de Saúde) da região da grande Lisboa (Cascais, Amadora e Odivelas/Loures).
Aceda aos resultados Finais do estudo Respect Portugal aqui